14.3.07

Crónicas do estado actual I

Encontrando-se num café
num dia santo sem trabalho
fala o imune com a justiça
que encontra por acaso...

-Bom dia senhor justiça,
Chegou bem pelo seu andar?
-Custa-me ser assim tão cego
mas já me estou a habituar.
-Deixe estar que não há nada
de especial para observar.

-Sabe do vagabundo que é mudo,
chamam-lhe povo ó pobrezinho.
-Nunca mais o ouvi falar
-E ainda bem eu cá lhe digo
pois se pudesse ele não parava
de gritar e protestar!
Não que viva triste ou mal,
que bem viaja e passa férias,
ninguém o entende por sinal,
mas ele vê e tem ideias.

-Mas sabe que mais senhor justiça
vou levantar-me e cumprimentar
um grande amigo de longa data
que me ajuda e que costumo ajudar.

-Que belo aspecto caro cifrão!
Corre bem o negócio dos andares?
-Não tão bem como esperávamos
chegou a altura de me ajudares.
Já conheces as ilhas Caimão?
Tenho um novo jacto particular
não tinha um único senão
ires com a tua família lá passear.

-Fale mais baixo que o Sr. justiça
ainda ouve muitíssimo bem,
e deixa-lo omisso é caro também,
e então que fazemos com o povo
que já só uns trocos tem?
-Ele que vá trabalhar, que
a explorar estamos nós bem!

-Muito bem assim ajudo,
não tenho como não concordar
desde que não haja problemas
lá para os lados do tribunal,
a imunidade nem sempre safa
e não quero ter de viajar
e ir para o Brasil ilegal!

(continua)

Estado

Sempre errado e omisso
mentiroso e ladrão
criminoso burlão
e odiado por isso...

É votado e escolhido
pelo povo castiço
e ignorante também.
Mas apesar disso
choram e gritam
a justiça do além.

É culpado de todos
os males deste mundo
é errado e imundo
do inferno oriundo.

Mal trabalha e mal paga
não faz nunca bem nada
aos olhos de quem escolhe
e de quem vota também.