23.7.06

Mundo não pára

É pena que nem na
altura de tomar decisões
o pensamento atinga
as verdadeiras razões
e sem convicções,
é arrastado
e aprisionado na fortuna
de mil ilusões,
no véu do céu
escondeste sombrio:
o motivo do sonho
e a origem do rio,
do sincero calafrio que
milhoes de duvidas causam
ao violarem emoções,
convicções que vão
para além dos cifrões
e até do pecado
são a obra prima,
a criação do diabo
o fortunado pelo
qual és subornado
e deixas de lado
ideologias fundamentais
regras morais
rituais espirituais,
que apesar de serem
não mais que as
utopias dos demais
são essenciais
para preservar
o que identifica
e unifica
a razão de saber
e a honra de poder,
ter prazer em viver...

Não mudo nada que o mundo não mude
não tenho força, sou paralitico e mudo
ainda assim, tenho bem dentro, lá no fundo
o sangue, a prova mais que derradeira
de que a minha oração é pura e verdadeira...

Desejo sorte, já que o talento não iludiu,
e coragem, já que a audácia faliu
tenham fé, não em quem sempre vos mentiu
mas em vós, e em quem nunca desistiu...

8.7.06

Última noite (as memórias)

Corro louco, mas não encontro
quero um refugio, um abrigo
há algo que me falta
algo que me pertençe e que pareçe
que ninguém me consegue dar
tenho sede de fazer, de realizar
cada sonho que ficou para trás
cada esperança que passou fugaz
começo a ficar cansado
embora de coração esperançado

é então que paro e recorro
a memórias únicas que valem ouro
valem o mesmo que uma vida
valem até mais que um tesouro
são a marca da meniniçe
que ficou para trás no tempo
e que assume agora o meu relento
e a minha vontade de ser novo
ser outra vez menino e moço

mas isso já lá vai, e eu fiquei
fiquei porque fui capaz,
por isso saboreio agora a paz
e assumo em cada novo desafio
o letreiro que me define
e a honra que tanto me apraz

tumultuosas com coragem
nascem no som e na imagem
ao beijar o chão que piso
ao respirar e consumir
mais um pouco do paraíso
o último que me pertençe
o último do meu tempo

mas eu não as temo
ouço e vejo, recordo com desejo
este amor de quem me despeço
e embora diga adeus pela distância
nunca deixará de ter importância
ou de ocupar um só lugar
o que lhe pertençe por direito
um cantinho doce e perfeito
no leito do coração.

Última noite (os locais)

nesta última noite
observo tudo, com atenção
o que me rodeia faz já parte
de uma música, de um refrão
uma melodia perfeita
que conheço e sei de cor
de tão antiga e colectiva
que é a sua digna origem.

hoje é dia de saudade
de lembrar a utopia
de chegar aonde hoje chego
de lembrar cada sonho
cada esperança perdida
cada sitio cada pessoa
cada pedra ou telha
são o conjunto de harmonia
são a mais bela das ideias

saio à rua para ver
o que sempre não liguei
desta tudo pareçe mais belo
tal como nunca esperei
nada se mexeu ou mudou
apenas eu vejo diferente
e só agora dou importância
ao que sempre esteve à minha frente

de cotim pela última vez
miro com calma cada pedra
em que eu nunca reparei
mas que sabe ela bem
cada momento que aqui vivi
ela sentiu, chorou e recordou
cada curso que por cá passou

são locais e monumetos
prova viva, dos sentimentos
desta tão grande família
e eu, só hoje, só agora
neste último passeio
reparo em cada pedaço
sempre esteve em meu redor...
mas só se nota o quanto vale
a casa em que sempre vivemos
na hora de partir
na hora em que mais a queremos.

embora muito arrependido
de só agora dar valor
quero ainda dar sentido
a este último fulgor
a esta última visita

digo adeus e até breve
nunca deixarás de me ter
a ligação é de paixão
serei teu até morrer.

6.7.06

O sem abrigo

POEMA

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