8.7.06

Última noite (as memórias)

Corro louco, mas não encontro
quero um refugio, um abrigo
há algo que me falta
algo que me pertençe e que pareçe
que ninguém me consegue dar
tenho sede de fazer, de realizar
cada sonho que ficou para trás
cada esperança que passou fugaz
começo a ficar cansado
embora de coração esperançado

é então que paro e recorro
a memórias únicas que valem ouro
valem o mesmo que uma vida
valem até mais que um tesouro
são a marca da meniniçe
que ficou para trás no tempo
e que assume agora o meu relento
e a minha vontade de ser novo
ser outra vez menino e moço

mas isso já lá vai, e eu fiquei
fiquei porque fui capaz,
por isso saboreio agora a paz
e assumo em cada novo desafio
o letreiro que me define
e a honra que tanto me apraz

tumultuosas com coragem
nascem no som e na imagem
ao beijar o chão que piso
ao respirar e consumir
mais um pouco do paraíso
o último que me pertençe
o último do meu tempo

mas eu não as temo
ouço e vejo, recordo com desejo
este amor de quem me despeço
e embora diga adeus pela distância
nunca deixará de ter importância
ou de ocupar um só lugar
o que lhe pertençe por direito
um cantinho doce e perfeito
no leito do coração.

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