23.12.07

...

Nem sempre sei o que quero
ou o que me faz sonhar,
nao te conto porque temo
que seja mais que um segredo
dificil de guardar.

E arrependo-me desde então
porque tu mereçes que te diga
vezes sem conta e sem fadiga
o que penso no silêncio
o que tanto me intriga.


Não mais terás de perguntar
com o teu dócil e eterno olhar
onde anda o meu pensamento
quando suspiro e te sorrio
abraçado a um sentimento.

Imagino-te enquanto escrevo
és a minha fonte de imaginação
fazes-me forte e sem medo
agora e em cada momento
em que sinto esta doce paixão.

E naquele intante fugaz
em que te olho e te admiro
grito mudo num sorriso
que me tornas especial
que me completas à medida,
e todo o bem que me fazes
é a felicidade que me inspira.


O beijo quente e fulgurante,
o toque suave e apaixonante,
o abraço seguro e sufocante,
o olhar terno e suplicante,
São por tudo o que não digo, mas te dedico...
São as mais puras palavras de amor.

19.12.07

Voltar

Escreves, eu sei que escreves,
Está para longe ou para breve
O momento de voltar?

Conto-te agora, digo-te hoje
Que tenho saudades de te sentir
De te ouvir, de te amar.
Não te chamo, quero-te aqui
Mas com vontade de viver
Com vontade de chorar.
Fazer juntos o que hoje faço,
Numa união desta saudade
E com a raiva de criar.

Assim te espero aqui hoje
Fico acordado neste desejo
Ouves forte e forte eu vejo
Que está para breve este voltar.

4.4.07

Crónicas do estado actual II

À porta de uma mansão
o vagabundo faz barulho
lá dentro vive o imune
já farto de tanta confusão...

-Mas que barulheira!
Calem-me este vagabundo a chorar.
-Não me calo pois passo frio e fome
enquanto o vejo andar de jaguar
mas onde estão os meus direitos?
Esqueceu-se agora que foi eleito?

-Não esqueci, nem esquecerei
estou bem ciente das promessas
mas não é fácil salvar a nação
quando esta está partida em peças.
Não pense só em direitos e haveres
quando nem cumpre os seus deveres!

-O seu discurso não me convence
para a retórica estava eu preparado,
mas no fundo olho para si e acredito,
todo o dia trabalha como um escravo.
Pena ser em negócios meio escuros
e com contratos mais que adulterados
ou eu não sei bem que o seu ordenado
não compra casas noutros estados!

Ofendido com os insultos
o imune liga à justiça
mentiroso, intriguista
mentiu sem hesitação!

-Precisa de ajuda senhor imune?
Mas quem causa essa confusão?
-É um arruaceiro e criminoso
tenta assaltar a minha mansão!
-Vou o mais rápido que possa
prender esse perigoso ladrão.

E sem demoras o vagabundo
está preso e foi condenado
a justiça é cega e não viu
que era o povo revoltado.

14.3.07

Crónicas do estado actual I

Encontrando-se num café
num dia santo sem trabalho
fala o imune com a justiça
que encontra por acaso...

-Bom dia senhor justiça,
Chegou bem pelo seu andar?
-Custa-me ser assim tão cego
mas já me estou a habituar.
-Deixe estar que não há nada
de especial para observar.

-Sabe do vagabundo que é mudo,
chamam-lhe povo ó pobrezinho.
-Nunca mais o ouvi falar
-E ainda bem eu cá lhe digo
pois se pudesse ele não parava
de gritar e protestar!
Não que viva triste ou mal,
que bem viaja e passa férias,
ninguém o entende por sinal,
mas ele vê e tem ideias.

-Mas sabe que mais senhor justiça
vou levantar-me e cumprimentar
um grande amigo de longa data
que me ajuda e que costumo ajudar.

-Que belo aspecto caro cifrão!
Corre bem o negócio dos andares?
-Não tão bem como esperávamos
chegou a altura de me ajudares.
Já conheces as ilhas Caimão?
Tenho um novo jacto particular
não tinha um único senão
ires com a tua família lá passear.

-Fale mais baixo que o Sr. justiça
ainda ouve muitíssimo bem,
e deixa-lo omisso é caro também,
e então que fazemos com o povo
que já só uns trocos tem?
-Ele que vá trabalhar, que
a explorar estamos nós bem!

-Muito bem assim ajudo,
não tenho como não concordar
desde que não haja problemas
lá para os lados do tribunal,
a imunidade nem sempre safa
e não quero ter de viajar
e ir para o Brasil ilegal!

(continua)

Estado

Sempre errado e omisso
mentiroso e ladrão
criminoso burlão
e odiado por isso...

É votado e escolhido
pelo povo castiço
e ignorante também.
Mas apesar disso
choram e gritam
a justiça do além.

É culpado de todos
os males deste mundo
é errado e imundo
do inferno oriundo.

Mal trabalha e mal paga
não faz nunca bem nada
aos olhos de quem escolhe
e de quem vota também.

25.2.07

Dos tempos...

E já sem qualquer esperança
Sussurro em tom de segredo
Ao ouvido do meu anjo
Que é branco e traz o desejo
Da minha ânsia realizar…
E ele diz confiante: “tu és capaz!
Se tentares nunca lamentarás
A oportunidade perdida,
Se falhares ficarás preparado
Para as desilusões da vida!”

E é assim que agora te digo
Com cuidado, sem me enganar:
Penso em ti quanto não te vejo
Nos teus lábios, no teu olhar,
Lembro feliz o teu sorriso,
E dou graças por de ti gostar
Sinto a seda que tens na pele
Sinto a vontade de te abraçar
Sou tímido, mas confesso:
Sempre sonhei com o teu beijar.

21.2.07

O Sujo

Levantas-te com gasto, cansaso e tristeza
para mais um dia de suor, mediocre delicadeza.
Gritas alto por dentro, pedes liberdade e motim,
nem sabes se partes, quanto mais ir até ao fim.
Por ti eu também lamento, mesmo sem saber
se o que sentes eu sinto, ou se me faz sofrer.
Porque estou contigo hoje, amanha e depois
enquanto for viva e glória a memória de nós dois.

Depois segues e eu sigo. Cotinuamos de castigo
e obrigados a viver. Mas já não és mendigo
nem tens orgulho em mentir. És-me indiferente,
não quero mais saber de ti, sai da minha mente!
Mas é então que eu tento ajudar outra vez
já não é igual, quero o significado e os porquês
quero ser pobre falido, vagabundo entristecido.
Quero a jóia escondida, nessa tua moral falida.


Um pensamento mais forte, dita um tal narrador
é motivo que sobre para enaltecer tanto valor.
O que a todos torna moribundos e estéreis;
Para ti é a luz de um futuro mais fértil...

17.1.07

o que és?

Não preciso que saibas
que o sol nasce, dia a dia.
Não te digo, e não descobres
que as marés são poesia.
Não és surda nem parva
não és muda nem limitada.

Entao porque não sabes?

Não é fruto do meu silêncio,
nem de uma qualquer essência
não é a origem de todo o mal
nem da eterna benevolência
mas toda essa ignorância
faz de ti pobre e omissa.

Então porque és assim?

É um segredo, é um mistério
que eu recordo dentro de mim
cada dia de acaba antes do fim,
cada vez que de ti apenas levo
metade do que me pertençe
uma revolta nua e deprimente.

E o que deves fazer?

Usar a chave do progresso,
só mudar seria um sucesso!
Sem medo e com sossego
não te assustes com este breu
que por trás a luz traz paz
e a recompensa, digo-to eu.